força útil entrara no casebre. Cristóvão foi o servo fiel: - e nenhuma horta na aldeia andou mais bem regada, nenhum gado apascentado em prados melhores, nenhum torrão mais fundamente arado. Um riso da criança (que se chamava Joana), o seu jeito de lhe puxar as barbas, recompensava-o de todo o trabalho. Mesmo brincando com as outras, era em Joana que pensava. De noite rondava a porta do casebre, a escutar se ela chorava no seu berço. Cedo, de manhã, ia postar-se na horta entre os limoeiros, à espera que ela corresse de dentro com o seus bracinhos abertos: e todo o dia ficava sentindo nos cabelos, nas barbas, a doçura das suas mãozinhas, que o arrepelavam. Ele amava-a por toda a sua pessoa – a covinha da face quando ria, a graça da sua voz hesitante, os seus pés mal seguros sobre a terra lavrada. Amava-a sobretudo pela sua fraqueza – e não antevia vida melhor do que passar eternamente a servi-la, e a ser alegremente arrepelado. O seu prazer maior era trazê-la escarranchada aos ombros; ela ria, agarrada aos seus longos cabelos; e ele caminhava grave e vaidoso, como se conduzisse a sagrada hóstia.
Por vezes comparava-o ao Menino, ao Menino divino, que ria no seu curral, e aprendia a ler no grande livro de Santa Ana. Os seus olhos claros e largos deviam ser como os de Joana. E o seu pesar era não saber ler, para abrir