sobre os joelhos um livro, onde o seu dedinho espetado fosse seguindo as letras grossas. Decerto, Jesus, se conhecesse, Joana, a devia amar. Ela era inocentinha como uma flor do valado: e o seu anjo da guarda esperava quieto, quando ela parava no caminho, a remexer na terra, à procura de bichos. Por mais longe que andasse trabalhando, sentia a voz de Joana se ela o chamava, como se a voz viesse de cima, do Céu – e apressava então a obra, à força dos braços, para correr ao seu encontro, não se esquecendo de trazer as amoras que ela gostava, ou medronhos, menos corados que a sua facezinha. Durante horas então acamaradavam – e Cristóvão era tão simples que, para a entreter, só sabia repetir a voz dos bichos, dançar pesadamente como um urso. A mãe dizia:
— Cristóvão, Cristóvão, muito tempo gastas com a menina... Olha a lenha... Olha o gado...
Ele baixava a cabeça, abria a cancela: e ainda se voltava, já longe, para sorrir, com a sua vasta face iluminada.
Ora no meio desta felicidade, começou um murmurar na aldeia. O guardião do convento não perdoara a Cristóvão por ter ele abandonado os seus serviços à ordem: e os frades que passavam, ou que vinham pregar à tarde no adro, diziam depois que, segundos os livros, todos os gigantes tinham pactos com o Satanás. Decerto,