Para Castro Alves, os cabellos foram sempre um feitiço ardentemente adorado. Sobre as “Espumas Fluctuantes”, pairam, de pagina em pagina, radiantes cabelleiras femininas. O famoso “Laço de fita”, que inspirou o nosso bello poeta, somente o encantou porque adornava a coma de Pepita:
“Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabellos de moça bonita,
Fingindo a serpente que enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se o laço de fita...”;
na linda “Boa Noite”, é entre os cabellos do Consuelo que o poeta quer dormir:
“Como um vasto e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola o teu cabello...
E deixa-me dormir balbuciando:
Boa noite, formosa Consuelo!”;
e mais adeante, paraphraseando o verso de Musset: “ses longs cheveux épars la couvrent toute entière”, Castro Alves admira a attitude da “Adormecida”:
Uma noite, eu me lembro. Ella dormia
Numa rede encostada mollemente:
Quasi aberto o roupão, solto o cabello,
E o pé descalço do tapete rente.
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças...”