Querida, quando eu morrer,
Com a tua boquinha breve
Não me venhas tu dizer:
A terra te seja leve!
Nesse dia, vem calçada
De botinas de setim;
Quero a terra bem pisada,
Tendo teu pé sobre mim!
E’ decididamente o pedido mais extravagante que se pode fazer a uma namorada...
Ora, pois! Quero, meus senhores e minhas senhoras, que me digaes se achaes morbido ou inconveniente o feiticismo dos poetas brasileiros, se achaes comico, ou ridiculo, ou inutil que elles consagrem todo o seu talento, as suas mais fulgurantes imagens, as suas mais bellas rimas á celebração dos feitiços da formosura feminina; — não? nem eu!
Carlyle escreveu que o corpo humano é uma maravilha, um prodigio, um milagre, — o unico dos milagres visiveis e palpaveis: “nós tocamos o ceu, quando tocamos um corpo humano...” E que dizer de um corpo humano, quando elle é o corpo de uma mulher? O feiticismo dos nossos poetas é apenas a justa e legitima glorificação, a apotheose, o endeusamento dessa maravilha da Criação Divina. Que cantariam, que celebrariam elles, se não cantassem e celebrassem a vossa belleza, minhas senhoras? Todas as artes humanas, e todos os artistas que teem sonhado, trabalhado e soffrido na terra, nunca acharam até hoje mais bello thema para a sua inspiração. A bel-