profissão naquela república. Disse mais que tinham estado durante alguns dias na povoação de S. João do Príncipe e aí ouvido falar-se da existência de uns escravos evadidos, aos quais eram atribuídos vários crimes. Confessou francamente que, depois de saberem do ódio votado por esses escravos a um certo Eustáquio, homem de uma fortuna que, segundo se suspeitava, não era multo pequena, tomaram a resolução de procurá-los para com eles assaltarem a casa do tal ricaço. Terminou dizendo que julgavam estar diante dos amigos em cuja procura andavam, havia mais de vinte dias, e por isso ele, falando por si e pelos seus companheiros, de quem era chefe, propunha que, de então em diante, negros e espanhóis só operassem conjuntamente.
Os escravos responderam declarando que eram eles realmente os criminosos evadidos a que se referiram os informadores dos espanhóis e contaram toda sua história, desde o dia do assassinato do fazendeiro até o momento em que resolveram suspender a perseguição de Eustáquio, porque temiam acabar como o companheiro, que fora morto por um policial do serviço do perseguido.
— Que fracalhões! exclamou então o chefe dos espanhóis. Perdem um companheiro e, longe de o vingarem, fogem como covardes!
— Porque ninguém gosta de morrer, desculpou um negro.
— Ora! Quem é esperto não morre como qualquer tolo. Sejam mais vivos e tratem de vingar o companheiro...