arrancou da haste: e ninguém lhe prestava o mínimo socorro, e Deus somente a via, e avaliava a grandeza das suas dores.
O sol tinha de todo desaparecido na estrema do horizonte, e a luz ainda tíbia da lua derramava vaga claridade.
O silêncio tornava-se mais profundo, quando um rumor longínquo começou a interrompê-lo: mais tarde era como o tropear de cavalos que para ali se dirigiam.
Úrsula nada ouvia, e se o tivesse ouvido, seu coração morreria de pavor. Esse tropear de cavalos em demanda do lugar em que se achava, ela julgaria ser o núncio da má vinda de seu tio, que a vinha perseguir, aumentando por essa arte o sofrimento da sua alma.
Mas ela, envolvida nesse torpor, que se assemelha à morte, não tinha consciência do que lhe ia em torno, nem da própria existência.
Pararam os animais junto à estacada de madeira, que cercava a morada dos mortos, e dois homens penetraram o recinto silencioso.
A lua se mostrava toda e prateava-lhes as faces nobres e altivas, e essas frontes estavam inundadas de suor, e uma delas era pálida, e branca; porque o coração gemia sob o peso de amargas comoções; e a outra negra como o azeviche, mas também abatida por profundo pesar.
Estes homens apearam-se com presteza, ataram a uma árvore as rédeas de seus ginetes, e de um salto, cada qual o mais rápido, invadiram a morada do sono eterno.
E junto à cruz lobrigaram o vulto de uma mulher estendida por terra.