E na sua impaciência a distância parecia-lhe imensa.

— Túlio, – exclamou Tancredo vendo que fugiam as horas – será possível que ainda hoje deixemos de chegar à sua casa?!

Túlio nada respondeu, e parecia não tê-lo ouvido: com efeito, o negro cismava profundamente; porque a aproximação daqueles lugares trazia-lhe mais de uma recordação.

— Não me ouviste, meu bom amigo – continuou Tancredo. – Túlio, quero vê-la hoje, agora mesmo se nos for possível. Ah! Não sabes como a amo... Ela é tão bela... o sorriso nos seus lábios é como a gota do orvalho no cálice de uma flor.

— Túlio, apressemos os cavalos.

— Morreriam, senhor – tornou Túlio arrancando-se aos seus pensamentos.

— Oh! – exclamou Tancredo contrariado – E ela me espera! Parece que lhe escuto o palpitar do coração, que vejo a ânsia com que me aguarda, e ouço-lhe um som queixoso, e um suspiro lhe perpassar pelos lábios, embaciando o vivo rubor, que os tinge.

E então ela chamar-me-á ingrato, e esquecido da minha promessa. Oh meu Deus! ... Túlio, tu não sabes quanto essa ideia me aflige. Demo-nos pressa; tu andas tão devagar!... Ah! Hoje mesmo Úrsula deve ter a seus pés o homem que mais sabe adorá-la sobre a terra.

Túlio também sentia uma vaga inquietação, e esse desassossego, que começava a tornar-se sensível no jovem apaixonado, há muito o tocava ao vivo: é que a cada um deles figurava-se que Úrsula reclamava socorro, que algum pesar a oprimia.