caso – amava; e a sua paixão era ardente e arrebatada como o seu vulcânico coração. Entrou corajosamente no cemitério, onde com terror o acompanharam seus dois pajens horripilados e trêmulos.
Todavia mais de um remorso lhe devia povoar a alma de terror à vista desse lugar onde dormiam Paulo B., Luísa, e tantos outros, cujos dias ele tanto amargurara, e cuja morte talvez pesasse sobre sua consciência.
Mas Fernando P. não era homem que parecesse ter remorsos: talvez o fogo de seu amor sufocasse em sua alma todos os outros sentimentos, que por ventura aí existissem.
Nesta ocasião, a lua era perpendicular ao topo da cruz, e a noite derramava sobre ela seu choro algente e triste.
A cruz estava úmida e orvalhada, e o musgo, que por ela distendia os braços, ostentava o brilhante esplendor de sua verdura, e a gota cristalina, que se filtrara do céu, esmaltava-o com celeste encanto.
O silêncio era tétrico e melancólico, e uma só ave noturna o não interrompia. Parece que toda a natureza o observava estupefata.
E Fernando P. percorreu essa morada da morte anelante e duvidoso, e não encontrou Úrsula.
— Susana! Hás de pagar-me! – bradou fora de si. — Não zombarás de mim impunemente. Ao inferno descerás, negra maldita, e todo o meu rigor não bastará para a tua punição. Foi debalde que tentastes iludir-me! O coração bem mo dizia, que a não acharia aqui!...
Tancredo! Infame!... Seus nomes enlaçados no tronco do jatobá, em que a vi a vez primeira, traiu-