Curvou a fronte em uma de suas mãos, e descansando o cotovelo sobre a coxa, mergulhou-se em seus pesares e deixou-se levar por eles. A tristeza e o abatimento, que se debuxavam naquele rosto nobre, contristaram ao seu guarda, que atento o considerava.
— Coitado! – dizia ele lá consigo – Sua pobre mãe acabou sob os tratos de meu senhor!... E ele, sabe Deus que sorte o aguarda. Pobre Túlio!...
E o prisioneiro, ora abatido, ora desesperado, entrou a soluçar, e a desafogar por esse modo as dores que lhe assoberbavam o peito. Depois ergueu-se e entrou a passear pela estreita prisão, ora com passos rápidos e incertos, ora com andar frouxo, aflito e desalentado.
Soaram nove horas. Túlio deu um gemido de desesperação.
Antero, que também sofria, quis distraí-lo de seus pensamentos dolorosos, e murmurou:
— Meu filho, não achas que a noite assim vai tão lenta e fastidiosa?
Túlio não respondeu. Pensava então que Tancredo partira já a receber sua noiva, e que apenas saísse da cidade estaria a braços com os seus assassinos.
— Ah! – dizia ele estorcendo as mãos – E eu aqui guardado para o não defender!!...
O velho esteve por algum tempo recolhido em si mesmo; depois levantou-se, pegou de uma cuia e tratou de lançar-lhe dentro o que quer que era que estava em uma cabaça. Mas esta estava completamente vazia. Antero arremessou-a para longe de si com certo ar de desprezo, suspirou, e depois disse:
— Maldito vicio é este! E que não possa eu vencer semelhante desejo!