Não as vês, Tancredo? São as flores do meu noivado. São tão lindas... amo-as!...
E apertou-a ao coração.
Depois soltou um profundo suspiro, e erguendo as mãos súplices para o sacerdote, em quem só então reparara, exclamou com voz que revelava a mais aflitiva angústia:
— Por compaixão! Oh! Não o mateis! Que horror!... Oh! Matai-me antes!... O monstro ri-se com prazer e sem piedade! Ah! Maldição... maldição sobre ele!
Seus olhos brilharam ainda uma derradeira vez com um fulgir vívido, depois cerraram-se.
Era como a luz, que no seu último viver, antes de extinguir-se para sempre, avulta e cresce por clarões vagos e interrompidos.
Após de longa pausa, sempre com os olhos fechados, continuou:
— Deus meu! Porque assassinou ele a Tancredo? Oh! Era noite... Bem o vi, seus olhos eram os de um tigre!
Arredai-vos! Arredai-vos! – disse, pegando ao acaso a mão do sacerdote, que lhe aguardava o último momento – Não vedes que aí há sangue?... Sangue!... Muito sangue!
Muito, muito sangue derramou ele, e esse sangue caiu-me todo aqui no coração.
Sinto uma aflição, que me mata! Ai que dor!!... – E com a mão sobre o coração se pôs a soluçar com tanta dor, que partiria o coração ainda o mais embrutecido.
O sacerdote acenou então para o comendador, que estava imóvel e pálido: este entrou.