— Mas, senhor... – aventurou-se a retorquir-lhe minha desvelada mãe – Adelaide é a filha de uma parenta querida! Amo-a; e porque não será ela digna de meu filho?...
— Calai-vos, vo-lo ordeno. – interrompeu aceso em ira. — Julgais que por ser essa mísera órfã vossa parenta, e porque a amais, hei de desposá-la a meu filho só por ser essa a vossa vontade? Decididamente que enlouquecestes.
E sorriu-se, mas com um sorriso sardônico que me gelou de angústia.
Não se aterrou, e respondeu-lhe com uma voz tão débil, que não ouvi; mas tão meiga e queixosa, que o acalmou um pouco.
— Louvo-vos a generosidade, minha nobre mensageira; – disse pouco depois com tom de sarcasmo, que me fulminou – guardai para uma esposa mais digna de Tancredo essa parte de vossa fortuna com que pretendeis tão desinteressadamente dotar a vossa Adelaide.
E terminou isto com estrepitosas gargalhadas.
— Oh! Senhor, pelo amor do céu! É só para me roubardes a última ventura de um coração já morto pelos desgostos, que me negais o primeiro favor, que vos hei pedido! Que vos hei feito para merecer tanta dureza da vossa parte? Que vos há feito meu filho para vos opordes a sua felicidade?! Oh! Quanto sois implacável em odiar-me... Sim, a lealdade e o amor de uma esposa, que sempre vos acatou, merece-vos tão prolongado, desabrido e maligno tratamento?!
Perdoai-me... Mas tanto tenho sofrido; tantas lágrimas me têm sulcado o rosto desfeito pelos pesares; tanta dor me tem amargurado a alma, que estas palavras,