— Não sei. – tornou ela com desânimo — E para que pensar temerariamente, quando já me acho tão próxima do meu fim, e tantas culpas para com aquele que a todos nós há de julgar? Só Deus, senhor, deve conhecer o culpado e os remorsos tê-lo-ão punido.
Uma tarde, meu esposo deixou-me para ir à cidade de *** donde voltaria ao cabo de três dias. Foi embalde que o esperei; porque a sua alma estava com Deus, e só ao amanhecer do outro dia dois homens compassivos trouxeram-me o seu cadáver! Ah! que triste recordação!
— E vosso irmão, senhora, não procurou consolar-vos?
— Meu irmão? – tornou ela sorrindo-se dolorosamente — Esse comprou as dívidas do meu casal, e estabeleceu-se na fazenda de Santa Cruz, outrora habitação de meus pais, onde eu passei os anos de minha juventude, onde nascera minha pobre Úrsula.
— Oh! Minha mãe, – exclamou Úrsula com amargura – pelo céu, não vos aflijais mais falando desse homem que tanto mal vos tem feito.
— Conhecei-lo, senhora? – perguntou-lhe o mancebo sorrindo com ternura para a animar.
— Não. Oh! Que nunca o veja – tornou-lhe a donzela refugiando-se nos braços de sua mãe.
— Tens razão, minha cara Úrsula, – disse a pobre mãe procurando ampará-la – grande mal nos tem ele feito.
— Sossegai, minhas queridas senhoras – objetou o mancebo, – acaso ignorais que de hoje em diante velarei por vós? E o que mais podeis recear dele? Tem sobejamente saciado seu terrível rancor.
— Tendes razão, senhor – prosseguiu Luísa B. – ele