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se passa no Teatro Lírico, e mesmo no Ginásio, onde fomos tantas vezes? JÚLIA – Fui por comprazer, e não por gostar. Acho tudo isto tão insípido! Mesmo as moças do Rio de Janeiro... ERNESTO – Que têm? JÚLIA – Não são moças. São umas bonecas de papelão, uma armação de arames. ERNESTO – Mas é a moda, Júlia. Que remédio têm elas senão usar? Hão de fazer-se esquisitas? Demais, prima, quer que lhe diga uma coisa? Essas saias balões, cheias de vento, têm uma grande virtude. JÚLIA – Qual é? ERNESTO – Fazer com que um homem acredite mais na realidade e não se deixe levar tanto pelas aparências. JÚLIA – Não o entendo; é charada. ERNESTO – Ora! Está tão claro! Quando se dá a um pobre um vintém de esmola, ele recebe e agradece; mas, se lhe derem