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uma moeda que pareça ouro, desconfiará. Pois o mesmo me sucede com a moda. Quando vejo uma crinolina, digo com os meus botões – "é mulher ou pode ser". Quando vejo um balão, não tem dúvida. – "é saia, e saia unicamente!" JÚLIA (rindo) – Pelo que vejo, não há nada no Rio de Janeiro, ainda mesmo o que é ruim, que não tenha um encanto, uma utilidade para o senhor, meu primo? Na sua opinião é uma terra excelente. ERNESTO – Diga um paraíso, um céu na terra! (JÚLIA dá uma gargalhada.) De que ri-se, Júlia? JÚLIA (rindo-se) – Muito bem! Eis onde eu queria chegar. Há três meses, no primeiro dia em que veio morar conosco, tivemos uma conversa perfeitamente igual a esta; com a diferença que então os papéis estavam trocados; o senhor achava que o Rio de Janeiro era um inferno. ERNESTO – Não me fale desse tempo! Não me lembro dele! Estava cego! JÚLIA – Bem; o que eu desejava era vingar a minha terra. Estou satisfeita: esqueço tudo o que houve entre nós. ERNESTO – Como! Que diz, Júlia? Não, é impossível! Esses três meses que se passaram,