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VERSOS DA MOCIDADE



Sofregamente, submerjindo na agua,
   Bebia-lhe a frescura.
   E ao fundo dessa magua
Núa, infecunda, solitaria, obscura,
Folhas brotavam, rebentavam flores,
Reverdecia o tronco...

             O’ minha pura,
O’ minha doce amada! Em meus amores
Sou como essa raiz morta de sede
E que floria de ano em ano apenas.

   Raro, raro sucede
   Que raie em minhas penas
A ventura de vêr-te... Passo a vida
Triste, auzente de ti, desconsolado...

E basta que eu te veja o rosto amado
Para sentir minh’alma reflorida.