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Os olhos porêm — singular capricho da naturesa, que no meio de toda esta harmonia quiz lançar uma nota de admiravel discordancia! Como poderoso e ousado maestro que, no meio das pbrases mais classicas e deduzidas da sua composição, atira derepente com um som agudo e stridulo que ninguem espera e que parece lançar a anarchia no meio do rythmo musical... os dillettantes arripiam-se, os professores benzem-se; mas aquelles cujos ouvidos lhes levam ao coração a musica, e não á cabeça, esses estremecem de admiração e enthusiasmo... Os olhos de Joanninha eram verdes... não d’aquelle verde descorado e traidor da raça felina, não d’aquelle verde mau e destingido que não é senão azul imperfeito, não; eram verdes-verdes, puros e brilhantes como esmeraldas do mais subido quilate.

São os mais raros e os mais fascinantes olhos que ha.

Eu, que professo a religião dos olhos pretos, que n’ella nasci e n’ella espero morrer... que alguma rara vez que me deixei inclinar para a heretica pravidade do ôlho azul, soffri o que é