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— 'É temente a Deus, não tem o ânimo cubiçoso nem servil, não é hypocrita, o mania do liberalismo não o mordeu ainda... hade ser um homem de prestimo:' dizia o frade a D. Francisca com verdadeira satisfacção e interêsse.

Passára porêm de seu meio o memoravel anno de 1830, e Carlos, que se formára no princípio d’aquelle verão, tinha ficado por Coimbra e por Lisboa, e so por fins d’agosto voltára para a sua familia. E veio triste, melancholico, pensativo, inteiramente outro do que sempre fôra, porque era de genio alegre e naturalmente amigo de folgar, o mancebo.

O dia em que elle chegou era uma sexta-feira, dia de Fr. Diniz vir ao valle.

Passaram as primeiras saudações e abraços, ficaram sos os dous, e:

— 'Não gósto de te ver:' disse o frade.

— 'Pois quê? que tenho eu?'

— 'Tens que vens outro do que foste, Carlos.'