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que, em pequeno, nunca ouvia contar historia de Pedro de Mallas-artes, que logo, em imaginação, lhe não pozesse a scena aqui perto!... Eu que esperava topar a cada passo com a cova do capitão Roldão e da dama Leonarda!... Oh! que ainda me faltava perder mais ésta illusão...

Por quantas maldicções e infernos adornam o stylo d’um verdadeiro escriptor romantico, digam-me, digam-me: onde estão os arvoredos fechados, os sitios medonhos d’esta espessura. Pois isto é possivel, pois o pinhal da Azambuja é isto?... Eu que os trazia promptos e recortados para os collocar aqui todos os amaveis salteadores de Schiller, e os elegantes facinorosos do Auberge-des-Adrets, eu heide perder os meus chefes-d’obra! Que é perdê-los isto — não ter onde os pôr!.. Sim, leitor benevolo, e por ésta occasião te vou explicar como nós hoje em dia fazemos a nossa litteratura. Ja me não importa guardar segredo, depois d’esta desgraça não me importa ja nada. Saberás pois, ó leitor, como nós outros fazemos o que te fazemos ler. Tracta-se de um romance, de um drama — cuidas