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E não sou romanesco. Romantico, Deus me livre de o ser — ao menos, o que na algaravia de hoje se intende por essa palavra.

Ora a charneca d’entre Cartaxo e Santarem, áquella hora que a passámos, começava a ter esse tom, e a achar-lhe eu esse incanto indefinivel.

Sentia-me disposto a fazer versos... a quê? Não sei.

Felizmente que não estava so; e escapei de mais essa caturrice.

Mas foi como se os fizesse, os versos, como se os estivesse fazendo, porque me deixei cahir n’um verdadeiro estado poetico de distracção, de mudez — cessou-me a vida toda de relação, e não me sentia existir senão por dentro.

Derepente acordou-me do lethargo uma voz que bradou: — 'Foi aqui!... aqui é que foi, não ha dúvida'.

— 'Foi aqui o quê?'