Cruzámos a povoação em todos os
sentidos,
procurando rastrear algum vestigio, confrontar
algum sítio onde podessemos collocar, pela mais
atrevida supposição que fosse, a tenda do nosso
alfageme
com as suas espadas bem ’corregidas’, as suas
armaduras luzentes e bem postas — e o joven
Nun’alvares passeando alli por pé, ao longo do
rio — como diz a chronica — namorado d’aquella
perfeição de trabalho, e dando a ’correger’
a bella espada velha de seu pae ao rustico propheta
que tantos vaticinios de grandeza lhe fez,
que o saudou condestavel, conde d’Ourem e salvador
da sua patria.
Nada podémos descubrir com que a imaginação se illudisse siquer, que nos désse, com mais ou menos anachronismo, uma leve base tamsomente para reconstruirmos a gothica morada do célebre cutileiro-propheta que a historia herdou das chronicas romanescas, e hoje o romance outra vez reclama da historia.
Em Santarem ha poucas casas particulares que se possam dizer verdadeiramente antigas; na Ribeira, nenhuma. As implastagens e replastagens successivas teem anachronizado tudo. É uma feliz