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Gonzaga de Sá ia e vinha, tomando as últimas disposições. Fechou-se o caixão. Houve um pequeno ruído, seco, vulgar, exatamente igual ao de qualquer caixa que se fecha... E foi só!

Fomos levando o cadáver pela rua empedrouçada, trôpegos, revezando-nos, aborrecidos e tristes sob o claro vitorioso olhar de um firme sol de março. Pelo caminho (era de manhã), os transeuntes mecanicamente se descobriam, olhavam as grinaldas, o aspecto do acompanhamento, medindo bem de quem era e de quem não era. Meninas de volta da missa e passeios consequentes, alegres, louçãs, passavam exuberas de vida, contemplavam um pouco o séquito com um rápido olhar piedoso e, depois, continuavam a andar o caminho interrompido um instante, indiferentes, descuidosas, casquinando, quase rindo às gargalhadas... E o caixão nos foi pesando até que o descansamos nos bancos da estação. Em breve, o trem correu conosco e o morto pelos rails afora, velozmente atravessando as paragens suburbanas. O carro fúnebre era o primeiro e, quando havia uma curva, eu podia lobrigar pelas janelas abertas, nos carros de primeira classe, algumas plumas de chapéus femininos... Dentro do carro fazia um calor insuportável e os bancos duros nos torturavam.