Saltamos enfim na Central. Tínhamos vindo oito, e só quatro iriam ao cemitério. Gonzaga de Sá nada dissera até ali. Contraíra a fisionomia, a pele da testa se mantivera enrugada durante toda a viagem, parecendo que prendia grandes pensamentos fugidios. Colocamos o esquife no coche e fomos tomar lugar na velha caleça de aluguel. Antes de embarcar, o meu amigo olhou a praça, os ares, as casas e o parque defronte e me disse, quando se sentou no banco do carro:
— Como está lindo o dia! Até alegre, não achas? Nem parece que levamos um morto... É que ele não gozava da vida. Antes assim!.. Morrendo, em nada perturbou a vida das coisas e dos outros; entretanto, dizem, a sociedade é uma associação simpática de indivíduos e pouca coisa separa o homem do mundo.
Seguido por duas caleças de acompanhamento, o coche rolou pelos paralelepípedos, tomando a direção do cemitério do Caju. Recostamo-nos no fundo da carruagem e eu me pus a olhar ao longe, cismando, procurando ver nas coisas e por detrás delas, um sinal, um ponto, uma indicação de mágoa, de desgosto por aquela morte que ferira algumas consciências. Rolávamos agora pela rua