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havia pouco Gonzaga. Compramos primeira classe para Bom Sucesso, mas passamos logo para a segunda. O meu amigo adquiriu um jornal e pôs-se a ler. Fiquei olhando a paisagem de mangues, desoladora, desanimadora.

Chegamos. Saltamos, fomos a um botequim, servimo-nos de cerveja e Gonzaga intimou-me:

— Tens que andar um pouco a pé... Lá diz La Fontaine: Aucun chemin de fleurs ne condut á la gloire...

— Vamos! disse eu.

Um pouco longe do botequim, ele me fez parar e falou-me assim:

— Fugi dessa gente de Petrópolis porque, para mim, eles são estrangeiros, invasores, as mais das vezes sem nenhuma cultura e sempre rapinantes, sejam nacionais ou estrangeiros. Eu sou Sá, sou o Rio de Janeiro, com seus tamoios, seus negros, seus mulatos, seus cafuzos e seus “galegos” também...

Continuamos a andar e logo depois retomou a palavra com a doçura habitual.

— Já reparaste que não há nada mais cediço que as notícias de Petrópolis?

— Quase não as leio, respondi.

— Fazes mal; é preciso que nos preocupemos com as culminâncias de nós mesmos...