me enternecem; isto é, o ente isolado a sofrer; e é só! Essas criações abstratas, classes, povos, raças, não me tocam... Se efetivamente não existem!? E, pelo conceito literário, filosófico, sociológico e religioso — mulheres — tenho até uma grande afeição de ordem puramente intelectual — bem entendido! — para que não haja contradição.
— Afeição?
— Na verdade; e é infinita e absorvente.
— Espantas-me.
— Não me acuses de inconsequência. Apieda-me o individuo a sofrer — já t’o disse; mas, certas criações intelectuais nossas, incapazes de me provocar o sentimento profundo que posso nutrir por uma pessoa, são contudo bem reais para me despertar, às vezes, simpatia ou indiferença no campo abstrato que lhes é próprio. Detesto a antropologia e amo a crítica religiosa. Foi meu anseio, quando moço, logo ao ler Renan, partir para a Europa e estudar o hebraico, o sânscrito e o zende, mas... não me foi possível. É que algumas criações da inteligência humana são orgânicas, articuladas e perfeitas; não resultam de aproximações, da escolha de certos dados e abandono de outros, arbitrariamente; não provêm de médias guerreiras. Deves ter reparado que o recurso aritmético