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Era um gasto de lápis que nunca mais se acabava; mas o Brasil é rico e aprecia o serviço de seus filhos. Quando completou vinte e cinco anos de serviço, foi feito barão. Como dizia, falei-lhe em primeiro lugar e ele me mandou ao chefe da seção “De Alfaias e Paramentos”. Logo que entrei na sala, feriu-me o destaque original de Gonzaga de Sá. O chefe da seção era uma mediocridade das mais banais; mas senti em Gonzaga muita naturalidade, muita força nas suas maneiras e um forte ar de segurança no seu alto semblante, em V. Depois de expor ao diretor da seção o objeto da minha visita, ele tomou o “papel” que eu levava e escreveu no alto de uma das folhas:

— Ao Sr. Gonzaga de Sá para informar e dizer a respeito.

Fomos, eu e o contínuo que me acompanhava, até o oficial designado, e tive verdadeira alegria em verificar que era aquele de quem me afeiçoara ao entrar. Reparei que, antes de escrever, o magnífico chefe das “Alfaias e Paramentos” meneou a caneta ao jeito de um esgrimista, e pareceu-me que a tinta lhe ia, pingando do nariz tímido e vermelho. O seu cursivo, ao fim de minutos, naquelas minguadas letras, surgiu caprichoso, floreado e abundante de uma respeitabilidade de escritura chaldaica.