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tratava de uma fisionomia humana. Uma tarde, num botequim em Copacabana, fui dar com o meu velho amigo a rabiscar a carteira. Tomava notas, disse-me, e eu acreditei.

Afora tais gestos, nada me revelava que houvesse nele qualquer mossa de um brusco choque com a vida. Poder-se-ia, para arranjar uma explicação do seu estado d’alma, admitir que a mágoa lhe andava esparsa na desigualdade de sua natureza, na variedade de suas aptidões, sem uma preponderante e vitoriosa, na sua amarga e dorida visão da vida e no seu anelo de absoluto. Havia nele um drama de organização e inteligência, ou o que havia?

Fiz, como verão, todas as hipóteses, mas nunca nenhuma me satisfez; entretanto, para não cansar o leitor, eu lembrarei como Poe (creio eu) que a verdade está sempre na hipótese mais simples, ao que Comte ajunta: a mais simpática. Cada um que faça a sua de acordo com esses conselhos.

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Por uma tarde clara de quinta-feira, foram me lembrando tais coisas enquanto palmilhava o caminho que ia ter à casa do meu amado amigo. Acompanhava-me por ele afora, de envolta com essas agradáveis recordações, uma grande e exuberante alegria na alma. O contato