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Graciliano Ramos

biano precisava estirar-se, voltar o rosto. E o collarinho furava-lhe o pescoço. As botinas e o collarinho eram indispensaveis. Não poderia assistir á novena calçado em alpercatas, a camisa de algodão aberta, mostrando o peito cabelludo. Seria desrespeito. Como tinha religião, entrava na igreja uma vez por anno. E sempre vira, desde que se entendera, roupas de festa assim: calça e paletot engommados, botinas de elastico, chapeo de baeta, collarinho e gravata. Não se arriscaria a prejudicar a tradição, embora soffresse com ella. Suppunha cumprir um dever, tentava aprumar-se. Mas a disposição esmorecia: o espinhaço vergava, naturalmente, os braços mexiam-se desengonçados.

Comparando-se aos typos da cidade, Fabiano reconhecia-se inferior. Por isso desconfiava que os outros mangavam delle. Fazia-se carrancudo e evitava conversas. Só lhe falavam com o fim de tirar-lhe qualquer coisa. Os negociantes furtavam na medida, no preço e na conta. O patrão realizava com penna e tinta calculos incomprehensiveis. Da ultima vez que se tinham encontrado houvera uma