Vidas Seccas
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mas saltava no lombo dum bicho e voava na catinga. Agora não podia virar-se: mãos e braços roçavam-lhe o corpo. Lembrou-se da surra que levara e da noite passada na cadeia. A sensação que experimentava não differia muito da que tinha tido ao ser preso. Era como se as mãos e os braços da multidão fossem agarral-o, subjugal-o espremel-o num canto da parede. Olhou as caras em redor. Evidentemente as criaturas que se juntavam ali não o viam, mas Fabiano sentia-se rodeado de inimigos, temia envolver-se em questões e acabar mal a noite. Soprava e esforçava-se inutilmente por abanar-se com o chapeo. Difficil mover-se, estava amarrado. Lentamente conseguiu abrir caminho no povareo, esgueirou-se até junto da pia d’agua benta, onde se deteve, receoso de perder de vista a mulher e os filhos. Ergueu-se nas pontas dos pés, mas isto lhe arrancou um grunhido: os calcanhares esfolados começavam a affligil-o. Distinguiu o cocó de sinha Victoria, que se escondia atraz duma columna. Provavelmente os meninos estavam com ella. A igreja cada vez mais se enchia. Para avistar a cabeça da mulher, Fa-