Vidas Seccas
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biano era necessaria e justa. Pobre da Baleia.

Escutou, ouviu o rumor do chumbo que se derramava no cano da arma, as pancadas surdas da vareta na bucha. Suspirou. Coitadinha da Baleia.

Os meninos começaram a gritar e a espernear. E como sinha Victoria tinha relaxado os musculos, deixou escapar o mais taludo e soltou uma praga:

— Capeta excommungado.

Na lucta que travou para segurar de novo o filho rebelde, zangou-se de verdade. Safadinho. Atirou um cocorote ao craneo enrolado na coberta vermelha e na saia de ramagens.

Pouco a pouco a colera diminuiu, e sinha Victoria, embalando as crianças, enjoou-se da cadella achacada, gargarejou muchochos e nomes feios. Bicho nojento, babão. Inconveniencia deixar cachorro doido solto em casa. Mas comprehendia que estava sendo severa demais, achava difficil Baleia endoidecer e lamentava que o marido não houvesse esperado mais um dia para ver se realmente a execução era indispensavel.

9 — VIDAS SECAS