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Graciliano Ramos

se levantava, tinha folhas seccas e gravetos collados ás feridas, era um bicho differente dos outros.

Cahiu antes de alcançar essa cova arredada. Tentou erguer-se, endireitou a cabeça e estirou as pernas dianteiras, mas o resto do corpo ficou deitado de banda. Nesta posição torcida, mexeu-se a custo, ralando as patas, cravando as unhas no chão, agarrando-se nos seixos miudos. Afinal esmoreceu e aquietou-se junto ás pedras onde os meninos jogavam cobras mortas.

Uma sede horrivel queimava-lhe a garganta. Procurou ver as pernas e não as distinguiu: um nevoeiro impedia-lhe a visão. Poz-se a latir e desejou morder Fabiano. Realmente não latia: uivava baixinho, e os uivos iam diminuindo, tornavam-se quasi imperceptiveis.

Como o sol a encandeasse, conseguiu adiantar-se umas pollegadas e escondeu-se numa nesga de sombra que ladeava a pedra.

Olhou-se de novo, afflicta. Que lhe estaria acontecendo? O nevoeiro engrossava e approximava-se.