Sentiu um cheiro bom dos preás que desciam do morro, mas o cheiro vinha fraco e havia nelle particulas de outros viventes. Parecia que o morro se tinha distanciado muito. Arregaçou o focinho, aspirou o ar lentamente, com vontade de subir a ladeira e perseguir os preás, que pulavam e corriam em liberdade.
Começou a arquejar penosamente, fingindo ladrar. Passou a lingua pelos beiços torrados e não experimentou nenhum prazer. O olfacto cada vez mais se embotava: certamente os preás tinham fugido.
Esqueceu-os e de novo lhe veio o desejo de morder Fabiano, que lhe appareceu diante dos olhos meio vidrados, com um objecto exquisito na mão. Não conhecia o objecto, mas poz-se a tremer, convencida de que elle encerrava surpresas desagradaveis. Fez um esforço para desviar-se daquillo e encolher o rabo. Cerrou as palpebras pesadas e julgou que o rabo estava encolhido. Não poderia morder Fabiano: tinha nascido perto delle, numa camarinha, sob a cama de varas, e consumira a existencia em submissão, ladrando para juntar o gado quando o vaqueiro batia palmas.