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Graciliano Ramos

Alargou o passo, desceu a ladeira, pisou a terra de alluvião, approximou-se do bebedouro. Havia um bater doido de asas por cima da poça d’agua preta, a garrancheira do mulungu estava completamente invisivel. Pestes. Quando ellas desciam do sertão, acabava-se tudo. O gado ia finar-se, até os espinhos seccariam.

Suspirou. Que havia de fazer? Fugir de novo, aboletar-se em outro lugar, recomeçar a vida. Levantou a espingarda, puxou o gatilho sem pontaria. Cinco ou seis aves cahiram no chão, o resto se espantou, os galhos queimados surgiram nus. Mas pouco a pouco se foram cobrindo, aquillo não tinha fim.

Fabiano sentou-se desanimado na ribanceira do bebedouro, carregou lentamente a espingarda com chumbo miudo e não socou a bucha, para a carga espalhar-se e alcançar muitos inimigos. Novo tiro, novas quedas, mas isto não deu nenhum prazer a Fabiano. Tinha ali comida para dois ou tres dias; se possuisse munição, teria comida para semanas e mezes.

Examinou o polvarinho e o chumbeiro, pensou na viagem, estremeceu. Tentou illu-