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Graciliano Ramos

desgraças e os seus pavores. O coração de Fabiano bateu junto do coração de sinha Victoria, um abraço cançado approximou os farrapos que os cobriam. Resistiram á fraqueza, afastaram-se envergonhados, sem animo de affrontar de novo a luz dura, receosos de perder a esperança que os alentava.

Iam-se amodorrando e foram despertados por Baleia, que trazia nos dentes um preá. Levantaram-se todos gritando. O menino mais velho esfregou as palpebras, afastando pedaços de sonho. Sinha Victoria beijava o focinho de Baleia, e como o focinho estava ensanguentado, lambia o sangue e tirava proveito do beijo.

Aquillo era caça bem mesquinha, mas adiaria a morte do grupo. E Fabiano queria viver. Olhou o ceo com resolução. A nuvem tinha crescido, agora cobria o morro inteiro. Fabiano pisou com segurança, esquecendo as rachaduras que lhe estragavam os dedos e os calcanhares.

Sinha Victoria remexeu no bahu, os meninos foram quebrar uma haste de alecrim para fazer um espeto. Baleia, o ouvido attento, o trazeiro em repouso e as pernas da frente erguidas,