24
Graciliano Ramos

çando os cotovellos, sorrindo afflicto. O geito que tinha era ficar. E o patrão acceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro.

Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguem o tiraria d’ali. Apparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raizes, estava plantado. Olhou os quipás, os mandacarus e os chiquechiques. Era mais forte que tudo isso, era como as catingueiras e as barahunas. Elle, sinha Victoria, os dois filhos e a cachorra Baleia estavam agarrados na terra.

Chapchap. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco.

Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia! Engano. A sina delle era correr mundo, andar para cima e para baixo, á toa, como judeu errante. Um vagabundo empurrado pela secca. Achava-se ali de passagem, era hospede. Sim senhor, hospede que se demorava demais, tornava amizade á casa, ao curral, ao chiqueiro das cabras, ao joazeiro que os tinha abrigado uma noite.