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Graciliano Ramos

rafa de aguardente. Fabiano virou o copo dum trago, cuspiu, limpou os beiços á manga, contrahiu o rosto. Ia jurar que a cachaça tinha agua. Porque seria que seu Ignacio botava agua em tudo? perguntou mentalmente. Animou-se e interrogou o bodegueiro:

— Porque é que vossemecê bota agua em tudo?

Seu Ignacio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-se na calçada, resolvido a conversar. O vocabulario delle era pequeno, mas em horas de communicabilidade enriquecia-se com algumas expressões de seu Thomaz da bolandeira. Pobre de seu Thomaz. Um homem tão direito sumir-se como cambembe, andar por este mundo de trouxa nas costas. Seu Thomaz era pessoa de consideração e votava. Quem diria?

Nesse ponto um soldado amarello approximou-se e bateu familiarmente no hombro de Fabiano:

— Como é, camarada? Vamos jogar um trinta e um lá dentro?

Fabiano attentou na farda com respeito e gaguejou, procurando as palavras de seu Thomaz da bolandeira: