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Graciliano Ramos

tento da familia. Naquelle momento elle estava zangado, fitava na cachorrinha as pupillas serias e caminhava aos tombos, como os matutos em dias de festa. Para que Fabiano fôra despertar-lhe aquella recordação?

Chegou á porta, olhou as folhas amarellas das catingueiras. Suspirou. Deus não havia de permittir outra desgraça. Agitou a cabeça e procurou occupações para entreter-se. Tomou a cuia grande, encaminhou-se ao barreiro, encheu d’agua o caco das gallinhas, endireitou o poleiro. Em seguida foi ao quintalzinho regar os craveiros e as panellas de losna. E botou os filhos para dentro de casa, que tinham barro até nas meninas dos olhos. Reprehendeu-os:

— Safadinhos! porcos! sujos como...

Deteve-se. Ia dizer que elles estavam sujos como papagaios.

Os pequenos fugiram, foram enrolar-se na esteira da sala, por baixo do caritó, e sinha Victoria voltou para junto da trempe, reaccendeu o cachimbo. A panella chiava; um vento morno e empoeirado sacudia as teias de aranha e as cortinas de pucumã do tecto; Baleia, sob o girau, coçava-se com os dentes e pegava moscas. Ou-