nenhuma dúvida pode subsistir, em se sabendo a ortografia das primitivas de que se constituiram (e por êste motivo fôra ocioso repetirem-se), a totalidade dos vocábulos seria cem mil, e não muitos mais possuirá o nosso idioma.
Algumas alterações introduziu a Comissão em certas particularidades do plano sôbre que se esboçou a primeira obra citada, e que na minha Ortografia Nacional havia sido cabalmente exposto e fundamentado.
Avultam entre elas a conservação de todos os valores actuais do x, abolição de ç inicial e de z final de sílaba átona, o restabelecimento de h inicial etimológico e de ge, gi mediais, bem como a marcação com o acento circunflexo (^) em vez do agudo (´) nas vogais nasais ã, ẽ, õ (am, an, em, en, om, on).
A todas essas modificações se atendeu com o maior escrúpulo neste Vocabulário.
Reproduzem-se em seguimento, e como introdução, o Formulário e o Prontuário que acompanham as Bases para a unificação da Ortografia, aprovadas pela indicada portaria de 1 de setembro, cuja edição oficial teve larga difusão. O Vocabulário é a exemplificação completa de todos os preceitos ali formulados, que são um verdadeiro tratado de ortografia.
Quem consultar êste Vocabulário deve ter em atenção as condições que passo a expor, e que seguramente constituem as únicas dificuldades ortográficas, que a Comissão, para se manter fiel à história do idioma pátrio, não pôde remover.
As letras sobre cujo emprego poderão suscitar-se dúvidas são estas:
a) e ou i átonos antes de vogal ou de s seguido de outra consoante, como em despesa e dispêndio, desfear e desfiar, veeiro e vieira;
b) o ou 'u átonos, como em moral e mural, soar e suar, bocal e bucal;
c) ge, gi ou je, ji, como em gemer, girar, e jimbaje, Jerónimo;
d) z ou s mediais, como em prezar e preso, s, ss ou ç entre vogais, como em necessidade, possa e poça;
e) sce, sci, ce, ci ou se, si, como em scetro, sciência, mas cidra, cera, e sidra (bebida), seira;
f) ô ou ou, como em pôde e soube;
g) x ou ch, como em xá, e chá, buxo e bucho;
h) s ou z final, como em nós e noz, português e altivez, vês e vez;
i) Emprego do h inicial etimológico.