Iaiá desdobrou a carta e leu-a para si. Enquanto lia, Jorge fitava-a. Não lhe via nenhuma confusão, alvoroço ou alegria; os olhos seguiam lentamente de uma linha a outra, e a mão firme voltava a página. No fim, quando leu o próprio nome, teve um movimento de tédio; e inconscientemente amarrotou o papel; mas emendou-se logo, alisou a carta com a mão e restituiu-a silenciosamente. Durante alguns segundos ocupou-se em traçar com um lápis alguns círculos na margem da folha aberta da gramática; ergueu enfim os olhos e perguntou sem rir:

— Acredita no que diz essa carta?

— Acredito; tudo o que está aí escrito, já o ouvi de viva voz, e com a mesma sinceridade e calor. Quem sabe? pode ser que seja o primeiro amor desse homem.

— O primeiro... o primeiro... repetiu ela entre dentes.

— Talvez o primeiro, insistiu Jorge; e para uma moça, acho que deve ter algum encanto ser amada por um homem, considerado superior às paixões. A vida de Procópio Dias teve sempre outra ordem de interesses...

— Conhece-o há muitos anos?