Pensar é preciso/IX/Jung: a teoria dos arquétipos

Jung: a teoria dos arquétipos

Sigmund Freud, como todos os grandes cientistas, filósofos e artistas, não morreu por completo, pois seus ensinamentos continuam iluminando as mentes dos que, livres de tabus e preconceitos, querem realmente conhecer a verdade existencial. Em 1908, fundou a Sociedade Psicanalítica de Viena, reagrupando em torno de si vários discípulos, entre os quais se destaca C.G. Jung. Este, como tantos outros antigos alunos, passou a discordar do mestre em alguns pontos da doutrina paicanalítica, assim como proposta por Freud. Mas isso era inevitável porque o conhecimento científico está sempre em continua evolução. Os seguidores de Freud tentaram aperfeiçoar métodos e técnicas de análise, bem como estabelecer relações profundas entre psicanálise e outras disciplinas humanísticas (Linguística, Antropologia, Sociologia). Recursos da Psicanálise são utilizados por cineastas, poetas, dramaturgos, pintores.

A principal contribuição de Jung foi transformar a “libido” freudiana em energia vital, algo que transcende a sexualidade. Ao inconsciente individual de Freud ele acrescenta o inconsciente “coletivo”, indo além do fator puramente genético. Ele chama “arquétipos” às experiências milenares da humanidade, transmitidas por mitos, lendas, contos de fada. Os arquétipos seriam os modelos de vida, as imagens psíquicas do inconsciente coletivo, que se transmitem ao longo de muitas gerações. São eles que determinam nosso sentir, pensar, agir. Segundo Jung, dentro de nós existiriam os arquétipos do amor e do ódio, da paz e da guerra, da abnegação e do egoísmo etc. Tais formas primordiais se manifestam ao nível do fazer, ocasionalmente, conforme as determinações do tempo e do espaço.

São estes arquétipos os responsáveis pelo incentivo ao instinto gregário (de “grei”, grege, manada), comum ao ser humano e animal. Infelizmente, os homens, como formigas ou abelhas, aceitam passivamente padrões religiosos, políticos e morais conforme uma herança familiar e uma cultura milenar, sem se perguntar se correspondem à lógica do pensamento, à verdade histórica ou ao nosso desejo de felicidade. A pergunta é quantos milhares de séculos ainda tem que passar para o homo sapiens usar a cabeça para refletir e se libertar do espírito de dependência mental? Até quando iremos acreditar piamente no que está escrito em livros falsamente considerados sagrados ou nas palavras de prepostos divinos (padres, pastores, rabinos, aiatolás) ou líderes políticos? Pensar é preciso!