Pensar é preciso/VI/A Ciência: Copérnico, Bacon, Galileu, Newton

A Ciência: Copérnico, Bacon, Galileu, Newton


É na época do Renascimento que inicia a ciência moderna. Os primeiros matemáticos, astrólogos, físicos, biólogos europeus sofreram barbaridades nas mãos do papado de Roma, quando suas descobertas científicas começaram a contestar dogmas e crenças religiosas em que os fiéis vinham acreditando, ao longo de uma tradição milenar. Já falei um pouco de Leonardo da Vinci. Vou apontar agora mais outros expoentes da revolução iniciada na Renascença, resumindo as principais contribuições para o avanço da ciência.

Nicolau Copérnico (1473-1543), astrônomo polonês, foi o primeiro a publicar um tratado sobre a hipótese heliocêntrica, invertendo o sistema ptolemaico que regia a astronomia havia quase 14 séculos: não era o sol, mas a terra que girava. Após dez anos de estudos na Itália, ele chegou a demonstrar o duplo movimento dos planetas, em torno de si mesmos e em torno do sol. Mas, temendo as represálias por parte da Igreja Católica, relutou a apresentar sua idéia revolucionária que, contestando a Sagrada Escritura, iria emancipar a cosmologia com relação à teologia. Foi o astrônomo italiano Galileu Galilei que endossou a tese do sistema copernicano, mas foi processado por isso e precisou se retratar.

Francis Bacon (1561-1626), considerado o pai do Empirismo, inaugura uma nova vertente no pensamento filosófico e científico. O estudioso inglês tem em comum com o contemporâneo francês Descartes a luta contra o dogmatismo religioso e secular, herança da cosmovisão medieval, propondo o livre exame da realidade física e psíquica, sem as amarras de qualquer forma de preconceito. Mas discorda quanto à existência das “idéias inatas”, postuladas pelo filósofo francês. Para Bacon,


“nada há no intelecto que antes não tenha passado pelos sentidos”.


A mente humana é uma “tábua rasa” sobre a qual se imprimem as idéias produzidas pelas sensações provenientes do mundo exterior. A experiência sensível é a única fonte do conhecimento. Mas sua grande contribuição reside na formulação do método científico de pesquisa, até hoje utilizado. Na sua obra mais conhecida, Novum Organun, apresenta as etapas do seu método: 1) observação do fenômeno; 2) análise de seus elementos constitutivos, estabelecendo relações quantitativas e qualificativas entre eles; 3) indução de hipóteses; 4) verificação das hipóteses por meio do experimento; 5) generalização do resultado formulando uma lei, se as hipóteses forem confirmadas.

Galileu Galilei (1564-1642) testou empiricamente a teoria copernicana do movimento da terra ao redor do sol, observando os planetas através de um grande telescópio. Mas foi silenciado pelo Tribunal da Inquisição e obrigado a se desdizer. Como podiam as revoluções da Terra se harmonizar com a ascensão de Cristo ao céu? Somente após 360 anos de atraso, em 1982, o papa João Paulo II retirou as acusações de heresia, reconhecendo a injustiça feita pela Igreja Católica contra o grande gênio da Renascença italiana. O dramaturgo alemão Bertold Brecht (1898-1956) criou uma peça maravilhosa, A vida de Galileu, em que representa artisticamente o conflito do intelectual no seio da sociedade em que vive. O mais grave é que as igrejas, todas elas, presas a preconceitos atávicos e absurdos, ainda continuam impedindo o livre avanço da ciência em busca da verdade e do melhoramento humano. Veja-se, por exemplo, a recente celeuma acerca das pesquisas científicas sobre as células-troncos embrionárias, que poderiam aliviar dores e salvar vidas.

Isaac Newton (1642-1727) reconheceu sua dívida aos cientistas que o precederam pela imagem de que um gênio é apenas um anão sentado em cima de uma montanha, construída pela tradição cultural. As contribuições do grande cientista inglês no campo da física, da matemática e da astronomia são incalculáveis. Lembramos apenas o episódio lendário que o levou ao descobrimento da lei da gravitação universal e da atração terrestre. Narra-se que Newton, estando descansando em baixo de uma macieira, uma fruta lhe caiu na cabeça. Ele se perguntou, então, por que a maça caíra em lugar de subir ou ficar parada no espaço. Tal fato o induziu a realizar uma série de experiências, jogando objetos de diferentes pesos e de várias alturas, que o levaram à confirmação da tese de que os corpos físicos mais densos caíam mais rapidamente ao solo por vencerem com maior facilidade o atrito do ar atmosférico. Ele pôs em prática as três fases principais do método científico: observação, comprovação, formulação da lei.