3a Etapa: “Como fazer?” -- Seleção e organização do material coletado: plano definitivo
Uma vez em posse de um material suficiente para o desenvolvimento do tema central do trabalho científico, passa-se para a fase principal e mais difícil, que é a seleção do material e sua divisão em tópicos. A nosso ver, não é indispensável esgotar toda a bibliografia sobre o assunto. Se se esperar para ler mais um artigo publicado em revista alemã ou conseguir a tradução de mais um livro editado no exterior e numa língua não familiar ao pesquisador, a redação de uma monografia nunca será iniciada. É bom convencer-se de que sempre faltará algo mais, evitando assim a mania do perfeccionismo e tendo consciência de que qualquer trabalho, por melhor que seja, será sempre imperfeito e provisório, podendo ser retomado posteriormente. Por isso, devemos contentar-nos em trabalhar com o material que estiver ao nosso alcance, antes que o cansaço da busca nos leve ao desânimo.
A feitura de qualquer monografia se reduz fatalmente à estruturação de três partes fundamentais: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão, que seguem aproximadamente o processo dialético da tese, antítese e síntese. Quer dizer, coloca-se o tema, problema ou hipótese de trabalho; analisam-se argumentos e opiniões pró ou contra; conclui-se tentando uma síntese das razões opostas. Todo trabalho intelectual sério, bem-feito, implica a superação das contradições existentes sobre a questão proposta: o estudo do passado, do que já foi dito sobre o assunto, é indispensável para o aprofundamento do tema com o fim de acender novas luzes. Como salienta Salomon (17, p. 238), neste retorno, o passado reencontrado não é repetido, mas modificado, superado, pois o mito do “eterno retorno” é apenas uma ilusão metafísica: a lei da natureza, do pensamento e da arte está centrada no modo espiral e não do círculo, no enrolamento e não na simples volta.
O material recolhido no fichamento temático deve ser analisado, selecionado e estudado com olhos postos na elaboração das três partes relacionadas. É preciso separar as fichas que tratam da introdução e da conclusão das que contêm o material do corpo da pesquisa. Estas, por sua vez, serão divididas nos vários tópicos que constituirão os capítulos dos trabalhos. Evidentemente, primeiro deve-se organizar e redigir o corpo do trabalho, para depois introduzi-lo e conclui-lo, muito embora, na apresentação final do projeto, a parte introdutória venha antes. E isso porque não se pode prometer aquilo que talvez não se consiga fazer. Somente após a seleção e a análise de todo o material obtido e da profunda reflexão do pesquisador sobre esse material, é que se pode organizar o Plano Definitivo do Trabalho, com o sumário das várias partes a serem redigidas.