Poesias offerecidas ás senhoras Portuenses/A Ausencia
A ausencia.
Vivo longe de ti amargurado,
Se viver póde ausente quem te adora!
Nada mitiga aqui os meus pezares,
De socego não tenho uma só hora!
Occupada de ti sempre a memoria,
Tua imagem figura em toda a parte ;
Corro cheio d'amor, vou junto d'ella,
Foge, sem que um suspiro, eu possa dar-te!
O sol que me allumia aqui não brilha,
Não vejo nos seus raios já belleza;
O sol da minha vida és tu, Anarda,
Teus olhos tem mais luz, tem mais pureza!
Da tua face a côr, não tem a rosa,
Sem vida aqui se mostra a natureza ;
De teu colo o jasmim, não tem a alvura,
Não tem, meu bem, rival tua belleza !