Poesias offerecidas ás senhoras Portuenses/A Ulina
Não leve origem na terra
Este amor tão puro, e fórte,
Tambem nunca terá fim,
Durará além da morte!
Não senti amor no peito
Em quanto a não encontrei;
Fixando o espaço immenso,
Uma estrella só amei...
Era a estrella dos amores,
Era a que ella contemplava;
Sem que a Ulina eu jámais visse,
Ao meu astro a demandava.
Com alvas roupas vestida,
A fantasia a ideava,
E rasgando o azul dos Céos,
Uma fada a imaginava!
Seus olhos eram dous Sóes,
Que na terra allumiavam,
E seus mais pequenos raios
O meu coração queimavam!
Té que um dia afortunado,
A estrella a mim a guiou,
E logo cheia d'amor
Esta minh'alma ficou!..
Achei-a tão meiga, e bella,
A's mortaes tão sup'rior,
Que só dadiva dos Céos
Podia ter tal primor!
Oh! Não éra mais formosa
Aquella, quem em sonhos vi;
Ulina tem mais encantos,
Quando contente sorri!