Soneto.
 

Basta, fado cruel, de perseguir-me,
Assaz minha constancia tens provado;
Porem, tudo no mundo é limitado,
Sinto d'alma a coragem já fugir-me!

Da vida a primavera consumir-me,
Viste o meu coração amargurado ;
Flagellos mil cauzar-me despiedado,
E a existencia aquasi extinguir-me!

Faz cessar minha dor, o meu tormento,
E muda no porvir a minha sorte,
Dando-me de ventura inda algum tempo;

Mas se abusas do teu imperio forte,
E se altivo caprichas ser cruento,
Põe termo á minha vida, dá-me a morte!..