Que doudo pensamento he o que sigo?
Apos que vão cuidado vou correndo?
Sem ventura de mi! que não me entendo;
Nem o que callo sei, nem o que digo.
Pelejo com quem trata paz comigo;
De quem guerra me faz não me defendo.
De falsas esperanças que pertendo?
Quem do meu proprio mal me faz amigo?
Porque, se nasci livre, me captivo?
E pois o quero ser, porque o não quero?
Como me engano mais com desenganos?
Se ja desesperei, que mais espero?
E se inda espero mais, porque não vivo?
E se vivo, que accuso mortaes danos?