Oh! sinhá, minha sinhá,
Oh! sinhá de meu abrigo,
Estou, cantando o meu redondo,
Ninguém se importe comigo.
Redondo, sinhá.
Certa velha intentou
Urinar numa ladeira,
Encheu rios e riachos,
E a lagoa da Ribeira,
Redondo, sinhá.
E sete engenhos moeu,
Sete frades afogou,
E a maldita desta velha.
Inda diz que não mijou...
Redondo, sinhá.
Esta velha intentou
Vestir pano de fustão,
Precisou quinhentos côvados
Pra fazer um cabeção.
Redondo, sinhá.
Depois do pano cortado
Não saiu de seu agrado;
Precisou doutros quinhentos
Para fazer os quadrados.
Redondo, sinhá.
Esta velha intentou
Tirar um dente do queixal,
Procurou quinhentos bois
E cem cordas de laçar.
Redondo, sinhá.
Não sou pinto de vintém,
Não sou frango de tostão;
A maldita desta velha
Quer fazer de mim capão.
Redondo, sinhá.
Eu caso contigo, velha,
Há de ser com condição
D'eu dormir na boa cama,
E tu, velha, no fogão.
Redondo, sinhá.
Eu casei contigo, velha,
Pra livrar da filharada...
Quando entrou em nove meses
Pariu cem de uma ninhada!
Redondo, sinhá.
Trinta e um meios de sola
Na praça se rematou,
Pra fazer seu sapatinho...
Assim mesmo não chegou.
Redondo, sinhá.
A velha quando morreu,
Eu mandei-a enterrar;
Como não coube na terra
Mandei-a lançar no mar.
Redondo, sinhá.