Reflexões sobre a Vaidade dos Homens (1980)/XCII
Dizer que o amor procede de uma certa conformidade de humores, e de génio, mais é subtileza, que verdade; a filosofia nesta parte não foi mais feliz que em outras, donde a ciência consiste em saber mais termos, e palavras, e não em saber mais cousas. Digamos antes, que o amor procede da fermosura; que origem lhe havemos de dar mais nobre? A razão mais fácil costuma ser às vezes a mais certa; duvide-se embora da origem da fermosura, porém não se duvide da do amor.