Reflexões sobre a Vaidade dos Homens (1980)/XCIII
Cada cousa tem um limite certo, entre cuja extremidade se deve conter, e regular; porém esse tal limite não é fácil de se achar, e no amor é quási impraticável, porque é uma paixão que não tem limite, e que só no excesso se mostra, e se acredita. Não há delírio, que os homens não desculpem, quando vem de um grande amor; há delitos em que o perdão se alcança em favor do mesmo crime; então aborrece-se o efeito, mas a causa admira-se; ninguém quisera o sucesso em si, mas todos invejam o Motivo.