Reflexões sobre a Vaidade dos Homens (1980)/XCVII
Vemos a perfeição dos objectos, mas ignoramos a qualidade deles, por isso os amamos, porque o amor quási sempre foge, assim que conhece a natureza do que ama. Os antigos pintaram ao amor cego, talvez para mostrar, que o amor para ser constante, é preciso que seja incapaz de ver, e que a falta de luz lhe sirva de prisão. Muitas cousas estimamos somente porque as não conhecemos, e outras porque as não conhecemos, as não estimamos; tanto é certo que não há nada certo no mundo; nos mesmos princípios se fundam muitas cousas contrárias, e opostas entre si.