Reflexões sobre a Vaidade dos Homens (1980)/XXXII
Há vícios, que raramente deixamos, se eles primeiro nos não deixam; e quando com o tempo seguimos o exercício de obrar bem, não é porque o conhecimento, ou a experiência nos determine mas porque continuamente os anos nos vão fazendo incapazes de obrar mal; e assim virtudes há, que primeiro começam pela nossa incapacidade, do que por nós mesmos; e nos nossos acertos a razão é a que quási sempre tem menos parte. Só a vaidade não enfraquece, por mais, que o vigor nos falte; como se fora um afecto da alma independente da disposição do corpo.